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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Na Casa da Poesia


Violetas tristes olham-me com os seus versos póstumos,
roxos duma saudade, ali, elas, depostas sobre o meu corpo,
morto, num ataúde, gélido, para sempre adormecido
e depois sepultado num jardim fechado, em névoas,
onde florescerá em novas flores, em novas estrofes,
plenas de natureza, de um’outra beleza no rumo
do fim do exílio ao longo deste mundo, lá onde
as borboletas eternas irão poisar circunspectas.
 
Bem sei que irei além dessa névoa ou nada,
serei colocado na terra, ao lado duma sequoia milenar,
serei plantado no solo fértil do coração dos leitores
ávidos de toda beleza. Sinto quanto é curto o amor,
tanto longo, dele, o olvido, daquela pungente dor.
 
Ismael Machado

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