Translate

domingo, 7 de novembro de 2021

Franz Kafka e a boneca...

Aos 40 anos Franz Kafka (1883-1924) que nunca se casou e não tinha filhos, passeava pelo parque de Berlim quando conheceu uma menina chorando porque tinha perdido sua boneca favorita. Ela e Kafka procuraram a boneca sem sucesso.

Kafka disse-lhe para o encontrar lá no dia seguinte e eles voltariam à procura dela.
No dia seguinte, quando ainda não tinham encontrado a boneca, Kafka deu à menina uma carta "escrita" pela boneca que dizia: "Por favor, não chores. Fiz uma viagem para ver o mundo. Vou te escrever sobre as minhas aventuras." Então começou uma história que continuou até ao fim da vida de Kafka.

Durante os seus encontros, Kafka leu as cartas da boneca cuidadosamente escritas com aventuras e conversas que a menina achava adoráveis.
Finalmente, Kafka trouxe-lhe a boneca (comprou uma) que tinha voltado a Berlim.
"Não se parece nada com a minha boneca", disse a menina.
Kafka entregou-lhe outra carta em que a boneca escrevia: "-As minhas viagens mudaram-me." A menina abraçou a nova boneca e a trouxe toda feliz para casa.

Um ano depois, Kafka morreu.
Muitos anos depois, a menina adulta encontrou uma cartinha dentro da boneca. Na pequena carta, assinada por Kafka, estava escrito:
"Tudo o que você ama, provavelmente será perdido, mas o amor voltará de outra forma."

terça-feira, 2 de novembro de 2021

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Rachou-me o pote...

Obra do artista Luiz Xavier

Entre flores raras os pensamentos circulam
no solo fértil do hemisfério cerebral, enquanto a juventude vai se perdendo
em seus cabelos negros e os meus olhos cintilam estrelas.
 
Eu lhe perdi, assim como se perdem os unicórnios,
perdi-me no breve caminho de um campo grande
para a minh'alma inda pequena,
entre flores também raras; 
de muitas perdas locupleta-se a existência.
 
Agora não me importam as horas,
a natureza me reconforta em verdes folhas que escrevo.
Estrelas ainda cintilam nos meus sonhos,
nos seus longos cabelos escritos em noite escura.
 
Choro em inglês e bebo melancolia na linha do horizonte ao pôr do sol...
A vida vai me piscando... dia após dia,
  até me desaparecer ao fim desse curto e aparente longo caminho.
 
O pote de barro rachou-me
e a sede vazou-me em versos...
 
Ismael Machado