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segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Erro poético

Sou o açúcar 
procurando a formiga. 
Meu carreiro 
não tem linha. 
É um ponto, um planetário grão. 
A minha natureza 
é uma inacabada caligrafia: 
apenas os erros me defendem. 
O amor apenas 
me rasura a alma. 
Com a formiga 
partilho alucinogénicos: 
migas de paixão, migalhas de doçura.

Mia Couto, 
em "Tradutor de Chuvas"