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domingo, 28 de maio de 2023

Eterna Tina Turner


Para ver o vídeo pelo celular, clique em 
versão para web ao final da página. 
Eterna Diva do Rock, 
Negra, Maravilhosa, 
Cantora Extraordinária.
Eis aqui a minha 
singela homenagem, 
"endless love and compassion, like in your song,
for everybody".

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Casa do Aconchego

https://www.instagram.com/reel/CslnznQg7nI/?igshid=MzRlODBiNWFlZA== 

Veja o vídeo da Casa do Aconchego a partir do link acima. Clicar em áudio original para ouvir o som.

Cuidados com as abelhas...

Ajude as abelhas! 

As plantas precisam delas para produzir alimentos. 

Sem elas cai a produção. 

Os agrotóxicos são os causadores da morte das abelhas!

domingo, 14 de maio de 2023

Feliz Dia das Mães a cada mãe e aos(às) filh@s

 


Ventania, praia e luar  
palavras de consolo sopradas no tempo pela voz calada de mamãe.

Meus ouvidos estendidos querem escutar de novo seu trinado primaveril 
ninando os filhos na infância.

Seu acalanto de eternidade canta alívio, luz e amparo sossega a saudade gritando   
na minha oração.

liduinabenxavier

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Pies viajeros

Esses pés são viajantes, eles anseiam, buscam pelo conhecimento, são descobridores de destinos.


Bem querem tocar o ceú e estão certos de que um dia ainda o Éden pisarão, pois com tal ética intentam para lá seguir, assim, dia após dia, passo a passo para lá caminham.


Pés os quais escrevem tais caminhos longos, imprecisos, e seguem nessa jornada de dias e dores, mas também de alegrias, de modo natural, aceitando as quantas consequências do viver e do morrer.


Ismael Machado


quarta-feira, 10 de maio de 2023

Eu Lee que a Rita...

 

Outrora eu Lee que a Rita tinha a cara da Pauliceia Desvairada, mas já lá se vão os anos e ela tendo ido com eles e consigo mesma.

Ismael Machado

domingo, 7 de maio de 2023

Criaturas do Mar, composição de Raquel Naveira

Para ver o vídeo pelo celular, clique em 
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Raquel Naveira

Há em mim uma veia lusitana que faz com que me sinta uma criatura vinda do mar. Talvez porque tudo sai do mar e a ele retorna. Talvez porque o mar esteja entre mim e Deus neste século. Talvez porque atravesso o mar da vida em um navio frágil.


Sou fascinada pelas viagens de descoberta de Vasco da Gama, Cristóvão Colombo, Fernão de Magalhães. Os primeiros exploradores que enfrentaram os terrores do oceano ensanguentado, as tempestades, o fogo dos raios e trovões, as fúrias do vento, as ondas agitadas. A ânsia de encontrar novas terras, riquezas, oportunidades; novos problemas e maneiras de pensar. O navegador não sabia para onde ia, nem tinha esperança de voltar. O importante era desafiar o desconhecido, com iniciativa e coragem. Densos nevoeiros infecciosos escondiam recifes e ilhas. Shakespeare comparou as brumas a uma “suja e contagiosa escuridão no ar.”


Monstros marinhos eram para os exploradores uma realidade. Estavam nos desenhos dos mapas; nos bestiários medievais, um tipo de literatura comum entre os monges, que descrevia as bestas fantásticas do mundo animal, que povoavam a imaginação dos marinheiros. Esses monstros de grandes bocas, dragões com dentes e caudas, rondavam ao largo e se alimentavam dos mastros do navio, esmigalhavam a galera, os canhões, os barris de vinho, os botes a remo. Formavam-se depois redemoinhos. Baleias e tripulantes afogavam-se aos gritos.


A poetisa argentina, Alfonsina Storni (1892-1938), emigrou com a família da Suíça para Santa Fé, onde modestamente trabalhou como costureira, operária, atriz e professora. Quando soube que era portadora de um câncer de mama, suicidou-se, lançando-se ao mar de um penhasco. Tinha 46 anos. A tragédia foi registrada na canção “Alfonsina Y El Mar”, gravada na voz tonitruante de Mercedes Sosa (1935-2009). Alfonsina, com sua solidão, foi buscar poemas novos nas espumas de sal. Angústias e dores a calaram. Ela se recostou numa rocha forrada de conchas. Cinco sereias a levaram por caminhos de algas e de corais. Cavalos-marinhos fizeram uma ronda a seu lado com outros habitantes da água como enguias, lagostas, golfinhos, esses delfins que conhecem uma linguagem cifrada de códigos ancestrais. Alfonsina vestiu-se de mar...


Também eu mergulhei em águas abissais profundas do oceano do meu inconsciente. Aprendi a sobreviver em condições difíceis, extremas, com pouco oxigênio, muita pressão, nua e com frio. Meu corpo se tornou elástico. Meu esqueleto ficou leve, quebrado e minha carne gelatinosa. Coloquei uma haste de luz na ponta da minha cabeça como um espinho. Meus olhos se tornaram enormes como lâmpadas. Na treva verde, vejo esponjas, peixes de vidro, ogros com longos caninos, plânctons, caranguejos gigantes, pentes de águas-vivas, filamentos de seres clonados e chumbados em colônias luminescentes.


Requer esforço voltar à tona, à superfície do planeta. Sair dessa viagem, dessa vertigem. Começo devagar a seguir os bandos de pássaros-contramestres no céu. Observo boiarem cascas de palmeiras, galhos de árvore. Saio aos poucos daquele pântano inavegável e cheio de monstros. Já não estou à mercê dos elementos e dos perigos do mar, como o apóstolo Paulo, que sofreu naufrágios durante dias e noites no abismo. Os perigos foram afastados por um clarão de eletricidade que me salvou. Posso discernir entre instinto e intelecto. Nado no nada. Contra a corrente. Sou criatura do mar.

Raquel Naveira