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sábado, 22 de junho de 2019

Celebrando o Solstício de Inverno


O Solstício de inverno é um fenômeno astronômico que marca o início do inverno. Ocorre normalmente por volta do dia 21 a 23 de junho no hemisfério sul e 22 de dezembro no hemisfério norte.

A palavra solstício vem do latim, (Sol), e sistere (que não se move). O solstício de inverno ocorre quando o Sol atinge a maior distância angular em relação ao plano que passa pela linha do equador.


A partir do Solstício de Inverno as árvores se despedem das folhas, e o solo as transforma em adubo. Como parte da Natureza, para nós também é hora de limpar, transformar em adubo aquilo que já serviu , mas não serve mais, abrir espaços deixar galhos a mostra, aguardar.



Com reverência e intenção, abra seus armários, da cozinha, do quarto, do coração, e tire tudo que é velho. Devolva a semente à terra. Abra espaços para aguardar o novo da próxima estação. Renove, recicle, doe e espere. O inverno é tempo de espera, de tolerância, de observação, de cultuar o silêncio com sabedoria. Ouça com paciência e fale somente para ajudar.




Feliz Solstício de Inverno!

quarta-feira, 19 de junho de 2019

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Duas estórias falantes

Quando há muito tempo, há tanto  tempo que só o tempo pode nos lembrar em livros amarelados, foi então que Chapeuzinho Vermelho e Branca de Neve encontraram-se em fábulas com os seus pequenos medos, seus encantos, em  estórias repletas da mesma  humanidade, cujo sangue corre em  todas as idades, entre crianças, jovens e adultos, cujas memórias fazem parte da nossa imaginação coletiva, de  geração em geração.

Chapeuzinho trazia as faces coradas, inda vermelhas de medo do Lobo Mal travestido de Vovozinha, ela não entendia aquela aparência algo diversa da amada avó. Ela sabia de algo incerto, mesmo inocente da maldade jazente, trazia numa cesta as sagradas sementes que lhe dariam a justa proteção dos fiéis caçadores, seus iguais entes viventes. O fato é que aquelas sementes desabrochariam em pequenas fadas a lhe darem como presente o  livramento dos dentes do lobo.

Doutra sorte a Branca de Neve também permanecia  lívida pela crueldade da bruxa desdentada, 
pela maçã envenenada a ela dada, a ela inocente,  adormecida devido a semelhante atrocidade intentada  a Chapeuzinho.

Passados anos a fio, após o Lobo Mal e a Bruxa já mortos, então, encontraram-se ambas, Chapeuzinho e Branca de Neve, pois tinham tantas falas em comum, quanto a dizer de suas estórias uma à outra. Por exemplo, dos sete anões, heróis salvadores da pobre moça, que a despertaram para o que há de mais humano e belo. A seu modo Chapeuzinho falou  dos caçadores do bem, os quais em toda parte há e ainda  são os buscadores da eterna justiça, fiéis guardadores da pureza, sem quaisquer outras  armas,  exceto o tiro certeiro de cada projétil oriundo de cada virtude.

Branca disse à amiga Vermelho que os anões, depois, foram seus padrinhos de casamento, cada um deles acompanhado por uma fadinha madrinha. E Vermelho contou-lhe sobre a casa da avó ter pertencido aos bisavós dela,  falecidos há muito, pois num ataque tinham sido por lobos vencidos, sem a sorte de serem por alguém socorridos...

Branca de Neve e Chapeuzinho disseram da mãe e da avó, suas amadas, porque delas foram geradas no seio dos afetos declarados. Quanto importante foram em suas vidas sofridas, porém, 
com lances felizes. Chapeuzinho e a Vovozinha festejaram serem salvas pelos caçadores e Branca de Neve pelo beijo encantado do Príncipe (aparecido em carne e osso) e pelo desvelo dos anõezinhos.

A bela Branca de Neve falou dos sete filhos que para o futuro pretendia, enquanto  Chapeuzinho disse que teria apenas um, pois ainda não tinha de todo esquecido o lobo e a floresta escura e temia pelo futuro de sua pobre criança. Contudo, a avó já falecida e ela não teria com quem deixar o bebê
a fim de ir trabalhar na fábrica de chapéus e, assim, o sustento ganhar. Também comentou de sua luta em prol da conservação das matas, pois o monstro do desmatamento estava mais terrível do que a crueldade do Lobo.

Diferentemente,  Branca de Neve tinha o esposo amado e os anões por ela adorados para cuidar de seus sete filhotes, porque ela também necessitaria seguir trabalhando na fábrica de agulhas, devido 
a monarquia do Príncipe já não mais existir. 

A fábrica de agulhas era igual àquela que um dia, no principio de sua estória, espetou o dedo de sua mãe, quando tecia o desejo duma filhinha branquinha como a neve, vertendo assim  o sangue carmesim do dedo da mulher, cuja cabeça fora feita de plumas, cabeça de sonho e de pó. Neve disse estar envolvida em causas sociais contra a bruxa da fome e contra os pesticidas na alimentação, a exemplo da maçã envenenada.

Ao se despedirem beijaram as faces, deram um abraço apertado até o ponto de entrelaçarem suas estórias, pensamentos e sentimentos, e prometeram se visitar vezes seguidas em outros contos de narrativas profundas, narrativas  assim tanto possíveis quanto humanizadas, duma certa incompletude, para as quais somente você leitor poderá dar o melhor senso de ser...
  
Ismael Machado