Parte II
Eu estou de pé.
Com o ventre em chamas,
a boca sedenta,
os pés descalços,
bailando na fogueira e gargalhando.
Porque já percorri todas as trilhas,
escalei todas as montanhas,
montei em todos os arcos-íris
e cavalguei em pelo,
contato íntimo,
dona das minhas vontades.
De todos os julgamentos,
todas as ofensas proferidas por bocas incomodadas com minha liberdade,
todos os limites e punições impostos pela sociedade dominante,
eu estou de pé.
Das dores das mulheres que vieram antes de mim,
das lutas travadas contra moinhos que moíam suas vidas,
eu me ergo.
Sou a que perpetuará a existência,
a rocha que estará lá, apesar das ondas e dos anos,
segura e firme em suas crenças.
Apoio para as que virão,
sem carregar o pânico e a desventura,
eu estou de pé,
como quem enxerga o fim da treva.
Eu estou de pé,
como quem resiste aos açoites das águas.
Estou de pé,
como quem soletra a palavra fincada na pele,
estou de pé,
empunhando a sentença da mulher que vence,
da mulher que escolhe,
da mulher que dança,
da mulher que canta,
da mulher que cai e se levanta
e vai.
E, por tudo isso,
eu estou de pé.
Por minha filha,
eu estou de pé.
Por minha neta,
eu estou de pé.
Por todas e tantas mais,
eu estou de pé.
Eu estou de pé!
De pé!
Sempre de pé!
Lílian Maial
Todos juntos pelas mulheres, pela vida e.
pela.nao-violência.













