(Sobre o livro Folhas ao vento, Life Editora, 2015).
Parte I
Ler Ismael Machado nos introduz em
experiências gratificantes, ampliando sobre o conhecido, pois ele inova ao nos
presentear com uma obra híbrida, em que estão presentes cartas, cujo conteúdo
predominantemente referencial, mas também de colorido emotivo e poético,
dão-nos notícia de suas leituras, lugares percorridos, impressões do cotidiano;
poemas que revelam um eu sensível às angústias, dúvidas e alegrias do homem
hodierno, numa linguagem metafórica, sinestésica, capaz de tocar a essência da
vida humana; e ainda reflexões, aforismos, abordando questões filosóficas,
éticas, metalingüísticas, com agilidade de pensamento e doçura de alma.
Em homenagem a dois grandes poetas brasileiros,
Oswald de Andrade e Manoel de Barros, adota o pseudônimo Oswald Barros e os
reverencia, trazendo características deles para o seu texto. Do primeiro, cuja
flama de revoltado e irreverente é conhecida, patenteia, em seus versos,
reflexões das grandes comoções do nosso tempo numa linguagem forte,
polemizante, em “versos inumeráveis”, sem preocupação com a forma rígida; do
segundo, também conhecido como “fazedor de auroras”, cuja forma ligeira
enxerga cada cantinho do mundo, herdou a
busca constante dos elementos da natureza, evocando pássaros, flores, o arco-íris e o
próprio vento...
Sonia
Mara Ruiz Brown
Dra. em
Literatura Portuguesa pela USP
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