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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Sobre as muitas areias, sobre as muitas águas...

“Eu vi um barco, taciturno, dançando, flutuando sobre as areias do deserto. As areias eram amarelas, febris, e tossiam aos ventos, elas eram d’uma tessitura invisível e penetravam até os sensíveis alvéolos. 

“Eu vi a sombra do que não existe, e o reflexo dela, sob uma aparente realidade, e isso me pareceu algo triste e sombrio.

"Vi águas bailando pelos ares nos altos céus e elas tocavam o ápice duma Torre de Babel, elas beijavam as bocas dos homens e lhes confundiam os sentidos, o destinos, elas lhes liquidificavam e, naqueles dias inéditos, impensados, fluíam em vozes, sussurros, pelos muitos regatos do mundo.”

William Whitman

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Ah! Essa Morena... Campo Grande - Mato Grosso do Sul completa 121 anos de emancipação

 

Amo essa cidade, bela, morena,
sobre a qual, inda moço, esboço esses versos,
pois, amo esse solo sobre o qual me deito
e onde a vida eu gozo.
 
Viver aqui é simples, em avenidas largas,
a buscarem a amplitude d’alguma ternura,
onde contemplo as tardes alaranjadas de sol,
os amanheceres ao canto do sabiá-laranjeira,
na primavera, meu despertador-laranjeira,
me embalo em seu canto e torno a dormir,
de madrugada,
em pleno alvorecer da existência.
 
Por grandes campos correm prosas,
correm segredos, líquidas belezas, no peito dos poetas.
Longe vai o córrego do engano.
Estou certo, grande, sim, é o meu amor por você!

 Existirmos, aqui, a muito se destina...
 
Ismael Machado
(Do livro Folhas Brasileiras, Life, 2010)

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Belíssima composição da poeta galega Rosalía de Castro

La actriz española Aitana Sánchez - Gijón recita el poema 
de la poeta gallega Rosalía de Castro
(Traduzir clicando no botão acima "Selecione o idioma").

Dicen que no hablan las plantas, ni las fuentes, ni los pájaros,
Ni el onda con sus rumores, ni con su brillo los astros,
Lo dicen, pero no es cierto, pues siempre cuando yo paso,
De mí murmuran y exclaman:
�Ahí va la loca soñando
Con la eterna primavera de la vida y de los campos,
Y ya bien pronto, bien pronto, tendrá los cabellos canos,
Y ve temblando, aterida, que cubre la escarcha el prado.

�Hay canas en mi cabeza, hay en los prados escarcha,
Mas yo prosigo soñando, pobre, incurable sonámbula,
Con la eterna primavera de la vida que se apaga
Y la perenne frescura de los campos y las almas,
Aunque los unos se agostan y aunque las otras se abrasan.

Astros y fuentes y flores, no murmuréis de mis sueños,
Sin ellos, ¿cómo admiraros ni cómo vivir sin ellos?

Rosalía de Castro

domingo, 2 de agosto de 2020

Ressequidos pela Estação



Ali o clima secava as pessoas no mês de agosto,
assim, o corpo, em especial as faces, 
além dos braços e das mãos deles e delas
eram quais, duma árvore, 
o tronco e os galhos descascados.

Ismael Machado
(Do livro Quatro Estações, 2018, Alfa Editora)