(Maria Julia e Arnaldo: pais)
Aos meus
amados, muito além de suas bodas de ouro:
1) Pais: Maria Julia e Arnaldo;
2) Padrinhos: Letícia e Antônio
3) Tios: Nilza e Rui, Nadir e Jacinto
4) Amigos e vizinhos: Dolores e Zezinho, Martina e
Odilon
5)
Parentes pelo
coração: Inêz e Antonio
6)
Também dignos
de admiração: Rosita e Oswaldo
Aos vinte e poucos anos as juras de eternidade,
um pelo outro, aos giros da lua de prata,
encantados e aos olores dos corpos
encharcados dos melhores perfumes que embriagam
os leitos.
Fizeram-se duradouros travesseiros
daqueles braços de homem, braços de mulher,
os quais embalaram compromissos duma vida,
inteiros,
celebrados em vivas letras, além dos meros
contratos,
das simples certidões cartorárias daquelas
uniões.
Cinquenta anos de casados não darão conta de
conhecer
o ente ao lado dormente.
Nesse icto,
corrente, passante, coisa quanta acontece,
a lua com suas fases reinantes sobre as cabeças
e os corpos daqueles nubentes,
nos seus sentimentos, de todo ainda crentes.
Day by day e o suceder
das primaveras, verões,
outonos e invernos, estação após estação,
sob o mesmo teto de humores variáveis e, de
afetos,
colocados na ampulheta do tempo,
provados no cadinho das horas, das
circunstâncias.
Sobejam alegrias, frustrações, dificuldades,
tristezas, nascimentos,
mortes, encontros, amizades, despedidas,
num sem fim de acontecimentos sob o sol, ano
após ano,
bebendo o vinho da videira que não dessedenta a
sede de viver.
Cinquenta anos e os bem-casados doces
ainda apetecem ao paladar, ao lado do convite
para as bodas,
amarelado pela memória, guardado no baú
ou no repositório das lembranças mais ternas,
dos sonhos acalentados e que heroicamente
subsistiram resilientes, persistentes,
insistentes, resistentes.
O amor é o lugar onde o respeito, o
companheirismo,
a amizade vão além da mera beleza física, essa névoa-nada,
além do ter, além da libido, o amor não tem
tempo.
Quando jovens jazia o afeto mais puro e ainda
agora
demonstra-se o jeito cuidadoso, amoroso, no
trato, nessa alteridade,
inda que em face à avançada idade.
Será esse amor um milagre? Por certo a morte
virá,
cedo virá, e as araras dirão de suas vidas
azuis, vermelhas, amarelas,
juntas e inteiras, em algazarras
cinquentenárias,
dirão dos amores vividos, dos filhotes
crescidos,
dirão dessa nossa humana natureza,
nossa desconhecida, elas dirão do que em nós faz
se torne um rebento do que é sagrado.
Mera quimera e sonho e pó, vai-se o tempo,
vai o tempo da alma ligada ao corpo por um fio,
só o amor permanece, livre das quantas amarras
do egoísmo,
e não se conspurca na língua dos homens impuros,
o amor é mesmo mistério
que as ciências não dão conta de desvendar,
nem Freud conseguiria em suas pesquisas
psicanalíticas.
Bondade, fidelidade, lealdade, nessa rima
benigna,
para-além do verso, o amor suporta a passagem
lenta do tempo,
esse fruto maduro na velha mangueira do quintal
lá de casa,
que ao paladar apetece e que se não esquece
jamais,
nem mesmo tantos anos após a partida do
bem-amado.
Retratos foram craquelados no tempo inacabado
dessas vidas grávidas pelo sêmen da eternidade,
crescidas, construídas pela perenidade.
Que sentimento é este que sequer a maldade do
tempo
conseguiu apagar, apartar?
Ismael Machado
(Continuará na Parte II)
Encantada ....pais merecedores .
ResponderExcluirObrigado, meus pais merecem muito mesmo. Abraç o.
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