Parece procissão, romaria, mas hoje nem é dia de
Maria,
É um povo que caminha para as urnas,
Cavoucando esperanças, tendo visões de
homens honestos,
Porém, talvez haja apenas algum candidato a essa
virtude.
Nessa procissão as cantorias são promessas
políticas,
Muitas falsas, não serão cumpridas,
Apenas prometidas,
Sem o compromisso de subir de joelhos as
escadarias,
As sagradas rampas dos Governamentais Palácios.
Eles pensam: o povo pode
esperar, dele se pode roubar.
Qualquer vela, qualquer coisa vai lhe
agradar.
No campo santo, sonhos foram sepultados,
Uma vida inteira de promessas não pagas.
A justiça não vê quanta coisa errada, ela é
mesmo cega.
Será meu Deus irá perdoar esse pandemônio?
Só o tempo dirá, depois dos túmulos
fechados.
Pois, as hienas já receberam suas bênçãos.
O poeta grita nesse azul sem dimensão.
Pois não há mesmo dimensão para os erros
cometidos
Nessa pátria, cujos filhos despatriados,
Morrem aos montes, nessa guerra fria, estúpida,
Ora calada em panelas geladas, sem lenha, sem
arroz,
Sem feijão, com razão, em corpos desnutridos,
Esquálidos, caminhando lentamente para a
morte.
Ah! Esse céu azul, torna azuis os puros
olhos dos excluídos
De toda sorte, da dignidade da vida.
Desse país, as muitas águas cristalinas semelham as lágrimas
Dos milhões de miseráveis
Há dor maior que o ser. Será esse o
destino?
Não há médico nem empresário, deputado ou proletário para
consolar.
Pena, esse solo não reflete as estrelas do
firmamento.
Ismael Machado
(Do livro Folhas Brasileiras, 2010)
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