Ismael
Machado em Folhas Brasileiras dá-nos
a conhecer um conjunto de textos que trazem as pegadas de um observador atento
às idiossincrasias humanas – sonhos, frustrações, contradições, desejos
individuais, coletivos – mostradas por meio
de uma linguagem fluida, envolvente.
Pelos
caminhos da coletânea deparamo-nos com diálogos explícitos tecendo homenagens
saborosas tais como a visualizada no poema Os
de baixo, os de cima, dedicado a
Florestan Fernandes. O desarranjo social, resultante de um poderio econômico
perverso, constitui a temática por meio da qual se faz ecoar o cruzamento de
vozes.
Em
outros momentos textuais, somos seduzidos por imagens inusitadas, arquitetadas
por uma construção linguística que orienta novos direcionamentos de sentido,
novos posicionamentos diante do homem, do mundo:
Crianças e gatos se parecem.
Acontecem incomodar vizinhos,
Às vezes.
Ou
Pôr o orgasmo num lindo vaso de vidro e
ter a coragem de
exibi-lo em praça,
Gozar junto do povo, compensar a parte
que toca o
desprazer de viver.
Ou ainda,
O equilibrista tateia o vácuo,
Nós, a vida.
Em
Folhas Brasileiras, a alternância
entre poemas narrativos e poemas-frase, estratégia consciente, permite o
deslizar da leitura e, consequentemente, o fisgar o leitor, envolvendo-o na
trama, na teia dos inúmeros textos que compõem a obra de Ismael Machado.
Áurea
Rita de Ávila Lima Ferreira
Professora
da FACALE/UFGD
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