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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

À guisa de prefácio...


Ismael Machado em Folhas Brasileiras dá-nos a conhecer um conjunto de textos que trazem as pegadas de um observador atento às idiossincrasias humanas – sonhos, frustrações, contradições, desejos individuais, coletivos –  mostradas por meio de uma linguagem fluida, envolvente.

Pelos caminhos da coletânea deparamo-nos com diálogos explícitos tecendo homenagens saborosas tais como a visualizada no poema Os de baixo, os de cima, dedicado a Florestan Fernandes. O desarranjo social, resultante de um poderio econômico perverso, constitui a temática por meio da qual se faz ecoar o cruzamento de vozes.

Em outros momentos textuais, somos seduzidos por imagens inusitadas, arquitetadas por uma construção linguística que orienta novos direcionamentos de sentido, novos posicionamentos diante do homem, do mundo:

       Crianças e gatos se parecem.
       Acontecem incomodar vizinhos,
       Às vezes.

        Ou

       Pôr o orgasmo num lindo vaso de vidro e ter a coragem de
       exibi-lo em praça,
       Gozar junto do povo, compensar a parte que toca o
       desprazer de viver.

       Ou ainda,

      O equilibrista tateia o vácuo,
       Nós, a vida.

Em Folhas Brasileiras, a alternância entre poemas narrativos e poemas-frase, estratégia consciente, permite o deslizar da leitura e, consequentemente, o fisgar o leitor, envolvendo-o na trama, na teia dos inúmeros textos que compõem a obra de Ismael Machado.


Áurea Rita de Ávila Lima Ferreira

Professora da FACALE/UFGD

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