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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Equilíbrio, uma busca constante...


Não sejas demasiadamente justo, 
nem demasiadamente sábio; 
por que te destruirias a ti mesmo? 
(Eclesiastes, 7:16)

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Amor é fogo que arde sem se ver.


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões ✍🏻

sábado, 11 de outubro de 2025

Menino e poeta do mato


Há quanto risco na palavra amor: maldita, mal vivida, desgastada, ignorada, silenciada.

Rasga-se o risco e o verbo amar, se conjugado, no presente do indicativo, então, vivo.

Vê-se esse menino do mato, amante da poética.

Caminhos de sol sem fim são o amor em mim.

Ismael Machado 

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

O buraco, poema de Sogyal Rinpoche,

1.

Ando pela rua.

Há um buraco fundo na calçada.

Eu caio…

Estou perdido… Sem esperança.

Não é culpa minha.

Leva uma eternidade para encontrar a saída.

2.

Ando pela mesma rua.

Há um buraco fundo na calçada.

Mas finjo não vê-lo.

Caio nele de novo.

Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.

Mas não é culpa minha.

Ainda assim leva um tempão para sair.

3.

Ando pela mesma rua.

Há um buraco fundo na calçada.

Vejo que ele ali está.

Ainda assim caio… É um hábito.

Meus olhos se abrem.

Sei onde estou.

É minha culpa.

Saio imediatamente.

4.

Ando pela mesma rua.

Há um buraco fundo na calçada.

Dou a volta.

5.

Ando por outra rua.


Texto extraído de O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, de Sogyal Rinpoche, Ed. Talento/Palas Athena.



quarta-feira, 9 de julho de 2025

Edgar Morin, o grande filósofo

É necessário dizer que não é a quantidade de informações, nem a sofisticação matemática que podem dar sozinhas um conhecimento pertinente, mas sim a capacidade de colocar o conhecimento no contexto.


Edgar Morin, 104 anos

terça-feira, 8 de julho de 2025

Marie Curie, uma sensibilidade profunda


Antes de ganhar dois Prêmios Nobel. Antes de isolar o rádio e o polônio. Antes de entrar para a história da ciência com o nome cravado entre os imortais…
Marie Curie já impressionava o mundo — apenas com a força da sua mente.

Tinha apenas 20 anos quando um episódio aparentemente banal revelou o brilho silencioso que a acompanharia por toda a vida.

Estava em uma festa, cercada por jovens estudantes e acadêmicos. Em meio às conversas, um dos convidados levantou-se para recitar um poema.
Os versos eram belíssimos, densos, cheios de alma — e tocaram profundamente Marie.

Tocaram tanto, que ela se aproximou do rapaz e pediu uma cópia.
Ele sorriu, talvez querendo impressionar — ou desafiar a reputação da jovem genial:
— “Se sua memória é tão boa quanto dizem… basta ouvir mais uma vez.”

Marie não se ofendeu.
Sorriu com humildade e respondeu:
— “Vou tentar… mas não prometo.”

O poema foi recitado novamente.
Marie ouviu em silêncio.
Depois, saiu discretamente da sala.

Trinta minutos se passaram.
Conversas seguiram. Risos voltaram.
E todos já haviam esquecido da garota franzina que saíra em silêncio.

Mas então, ela retornou.
E de pé, com a voz tranquila, começou a recitar.
Verso por verso. Palavra por palavra. Do início ao fim.
Sem errar uma sílaba.
Sem hesitar.

O espanto tomou o ambiente.
Não era apenas memória — era atenção rara, inteligência afiada, sensibilidade profunda, disciplina feroz.
Era já ali, antes dos átomos, antes dos laboratórios, antes das glórias…
Marie Curie em estado puro.

 Há mentes que brilham pelo que descobrem.
E há outras, como a de Marie, que já deslumbram antes mesmo de começarem a revelar sua luz.

sábado, 5 de julho de 2025

Por que amamos?


Amamos a vida não porque estamos acostumados à vida, mas a amar. 

Há sempre alguma loucura no amor, mas há sempre também alguma razão na loucura.

Friedrich Nietzsche