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domingo, 15 de junho de 2025

domingo, 25 de maio de 2025

O grande escritor negro

O extraordinário escritor, filósofo e poeta brasileiro Machado de Assis. Maior expoente da literatura brasileira, Machado escreveu livros excelentes com uma escrita bela, realista, sarcástica, feroz, crítica e refinada que sintetiza profundamente a atmosfera brasileira de seu entorno.


Também foi um dos fundadores e presidentes da Academia Brasileira de Letras, com o objetivo de reconhecer a língua portuguesa e a literatura nacional. Machado é com certeza um dos maiores nomes da literatura e filosofia universal de todos os tempos.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Adeus paulistinha, um aceno

Adeus Paulistinha, composição de Tonico e Tinoco

Numa ensolarada manhã de outono, ao desejar-me bom dia e boa viagem, logo cedo, tia Nilzinha (83) portadora duma alegria muito apropriada, jamais poderia imaginar que, de fato, eu empreenderia uma viagem interna, no tempo afetivo e da escrita. 

Ainda ouço tocando no rádio Adeus Paulistinha, de Tônico e Tinoco, enquanto acabávamos de chegar na rodoviária em Birigui (cidade do noroeste paulista), juntos estávamos vó Dita, vô Jerônimo e eu, ainda criança, levado pelo amor de ambos, descobrindo o mundo e suas nuances. O vô Jerônimo bem compenetrado em seu paletó xadrez e vó Dita com um batom vermelho, ela muito sorridente.

Tomaríamos uma charrete para o percurso até a casa da adorável Dona Lípia, prima primeira da vó Dita, que nos aguardava para o café matinal com um leite quentinho e, provavelmente, mais doce que o seu carinho conosco. Como explicar? Ainda ouço o casco do cavalo batendo no asfalto e posso ver a charrete se encaminhando rapidamente àquele destino afetuoso. Esses pensamentos são tão reais que chego a pensar que por eles existo, que neles flui o sangue da minha existência. 

Na ocasião, uma contradição pairava em minha cabeça, porque as mesmas charretes que não podíamos tomar em Caarapó, por serem usadas por mulheres do meretrício, em Birigui eram plenamente possíveis, usadas pela sociedade. Questões de conceito e preconceito que iam se alinhavando em meus pensamentos de menino.

Depois da casa da Dona Lipia o casarão do tio Francisco e da tia Tita era motivo de visita certeira, de abraços e de quanta alegria. Vô Jerônimo e tio Francisco eram dois literais irmãos, não só pela consanguinidade, quanto pela afetividade. Quantos causos seriam ali partilhados entre os mais velhos, e o meu repertório ia se formando para essas linhas futuras.

Uma viagem cansativa, desde Caarapó, setecentos quilômetros, horas a fio,  passando por Presidente Prudente, Osvaldo Cruz, Penápolis, mas certamente, um percurso feito de fé, de laços de família, que o tempo, nem a distância conseguiriam apagar. Caminho batido, quantas vezes, percorrido em busca de socorro para as dores do corpo e da alma.

Como não lembrar Dona Linda e Senhor João Dias? Moradores daquela bela e acolhedora casa na Rua Barão do Rio Branco, centro de Birigui, eles, dois portos seguros na caminhada dessa vida. Dois baluartes do amor e da caridade em sua expressão mais pura, verdadeira.

Nenhuma viagem física pode ser comparada a essa, no tempo que nos aproxima de nós mesmos, quantas lembranças, saudades.

Nesta crônica, sem aumentar sequer uma vírgula, observo que todos já partiram, inclusive os cantores da música inicial, e deste lado da vida estamos apenas tia Nilza que me desejou boa viagem e eu, aqui, refletindo sobre a brevidade de todas as coisas. 

Esses seres, aparentemente fantasmagóricos, seres espirituais cada um deles, estão tão vivos dentro de mim, quase posso vê-los, tocá-los, cheirá-los, são presentes com a mesma importância com que sempre estiveram comigo.

Aceito esses votos de boa viagem, e sigo ouvindo a canção no rádio, pois, o tempo segue inacabado de viver, e as lembranças me levam em suas asas longevas.

Ismael Machado

terça-feira, 6 de maio de 2025

O agente do Censo

Í
Pena! O censo só conta a idade cronológica,
não percebe o esforço hercúleo de parecer
mais novo o biológico, entre dietas e cuidados.
 
O censo, sem senso, ignora os personagens
dos livros de literatura, moradores da mesma
casa comum, viventes, transeuntes entre nós.
 
Apenas uma nota poética: um contrassenso.
 
Ismael Machado 

 


domingo, 4 de maio de 2025

Jeito Natural

Que canção é esta, Drummond?

Nenhuma mãe se vê ao espelho,
os homens adormeceram,
as crianças famintas, aos prantos,
neste mundo cão,
o esperar é vão.

Os amigos se foram,
não há mais quem saudar,
as palavras não expressam
o conceito da angústia.
O poeta prepara um poema
em que falam as mães emudecidas,
e os filhos ressurrectos retornam
das guerras perdidas.

Canção de impossíveis aos humanos,
os deuses a cantarão.
 
Ismael Machado

sábado, 3 de maio de 2025

Os órfaos do Titanic


Os “Órfãos do Titanic”, irmãos Michel (4 anos) e Edmond (2 anos), foram fotografados em abril de 1912 logo após a sobrevivência milagrosa do desastre do RMS *Titanic*. 

A história deles é desoladora e extraordinária. Os jovens, que falavam apenas francês, foram encontrados sozinhos e desacompanhados após o naufrágio do navio - entre os mais jovens e mais vulneráveis dos sobreviventes. Sem adultos a reivindicá-los no rescaldo caótico, eles tornaram-se símbolos de tragédia e esperança.

Sua jornada a bordo do *Titanic* foi o resultado de uma amarga disputa de custódia. O pai deles, Michel Navratil, tirou os meninos da mãe deles na França e embarcou no *Titanic* sob um nome falso, na esperança de começar uma nova vida na América. Quando o navio atingiu o iceberg, Navratil conseguiu levar ambos os meninos para o bote salva-vidas no 15, garantindo a sua sobrevivência antes de perecer nas águas geladas do Atlântico.

As crianças foram resgatadas pelo *Carpathia* e levadas para Nova Iorque, onde foram cuidadas enquanto suas identidades permaneceram um mistério.

Apelidados de "Órfãos do Titanic" pela imprensa, os meninos foram eventualmente reconhecidos pela mãe através de reportagens de jornais e fotografias. Ela viajou para a América para se reunir com eles, trazendo o fim de um dos muitos dramas humanos que emergiram da tragédia do Titanic. 

Hoje, a história de Michel e Edmond Navratil serve como um lembrete comovente das histórias pessoais por trás de um dos mais infames desastres marítimos da história - um conto de perda, sobrevivência e a força duradoura da família.

Crônicas Históricas

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Salve Castro Alves

CASTRO ALVES, um dos maiores poetas do mundo, era um cigano Kalom.

Declamou o poema Navio 
Negreiro para uma plateia de coronéis escravocratas.

Seus mais famosos poemas e escritos eram marcados
pelo combate à escravidão, por Isso, é aclamado 
de “Poeta dos Escravos”.
Chamava atenção pela sua  beleza física", seu porte esbelto, olhos penetrantes e chamativos, cabelos negros. 
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Quando discursava em palestras ou declamava poemas, com sua voz poderosa e cativante,  hipnotizava as plateias. 
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Teve Inúmeros romances, pois, deixava as mulheres 
apaixonadas.

Para quem não sabe, foi um extraordinário pintor, existem quadros e desenhos de sua autoria no Museu Histórico Nacional. Poucas biografias falam desse seu talento artístico. 
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Seu pai Antônio José Alves, médico e professor de Medicina, foi o primeiro cigano médico no mundo, e líder da Comunidade Cigana Kalom, sendo o último grande líder cigano kalom do Brasil.
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CASTRO ALVES, Faleceu aos 24 anos, de tuberculose, se fosse vivo nos dias atuais, como seu pai, seria o grande líder dos ciganos kalons, trabalharia bravamente pela dignidade cigana, assim como atuou em prol dos negros.

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Abundância de vida


"Olho para trás e o que vejo me agrada. Vivi com abundância, a palavra melhor é essa. Abundância biográfica de países, de línguas e culturas.


Abundância de situações, as favoráveis e as adversas. Abundância de encontros com pessoas preciosas, com criaturas admiráveis, e alguns poucos canalhas, úteis como referência.


Trabalhei em muitas coisas diferentes e de todas gostei, porque de cada uma fiz um degrau de aprendizado que me permitiu desempenhar a próxima. Li quase todos os dias da minha vida, fosse pouco ou muito, enchendo a mochila de dados que eu embaralharia, de nomes que se iriam no vento, mas conservando as emoções que os livros me davam. 


Não escrevi tanto quanto li, nem teria sido possível. Mas o que escrevi está de acordo comigo e me representa mais generosamente que uma selfie.”


Marina Colasanti, entrevista à Editora Global, em 2017

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Oxalá, em 2025

Oxalá, por Madredeus 
& Flemish Radio Orchestra

Oxalá, me passe a dor de cabeça,
Oxalá, o passo não me esmoreça;

Oxalá, o Carnaval aconteça,
Oxalá, o povo nunca se esqueça;

Oxalá, eu não ande sem cuidado,
Oxalá eu não passe um mau bocado;
Oxalá, eu não faça tudo à pressa,
Oxalá, meu Futuro aconteça;

Oxalá, que a vida me corra bem,
Oxalá, que a tua vida também;

Oxalá, o Carnaval aconteça,
Oxalá, o povo nunca se esqueça;

Oxalá, o tempo passe, hora a hora,
Oxalá, que ninguém se vá embora,
Oxalá, se aproxime o Carnaval,
Oxalá, tudo corra, menos mal

Compositor: Pedro Ayres Ferreira de Almeida Magalhaes (Ayres Pedro)