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sábado, 6 de fevereiro de 2021

Epitáfio pelas próprias mãos (utilização autorizada pelo autor somente após os seus 100 anos de idade, risos)

Doces prantos piedosos
derramam-se sobre os Campos Elíseos,
sobre ossos ressurrectos.
E os vermes em pleno júbilo.
Sob diáfana chuva um perecível corpo foi sepultado
Ali onde os lírios dos vales crescerão,
ao som do hino santo, entre vertidas lágrimas.
 
Pássaros sobrevoam um rio de águas cristalinas,
ele vai sereno e tranquilo, suas fontes brotam do Éden,
cruzam, beiram as colunas do Sanctum Sanctorum.
 
Meus amigos, em poucas palavras,
aqui jaz sem nenhuma delas,
um poeta menor, pequeno-ajudador
no trabalho do verbo do Criador.
 
O imperfeito poeta adormeceu sobre os seus versos,
a chama lírica apagou-se pelo mesmo sopro primordial.
Quebrou-se o vaso de poemas.
O vinho ainda sentindo-se novo e fermentado pelo tempo 
arrebentou o velho odre de barro.
Libertas quae sera tamen!

Um sino agora soa a sua dualidade, deem-se:
paz aos homens e glórias a Deus!
 
Ismael Machado


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