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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A Bahia é bela!

Bahia de todos os santos, tua beleza me santifica,
tua natureza, teu jeito tranqüilo.
Oxalá, axé, assim seja.
 A Bahia é um estado de espírito.
Fernando Bandeira


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Tocando em frente


Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe,
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei.
...
Cada um de nós compõe a sua história.
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz,
De ser feliz.
Composição: Renato Teixeira

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Afinal, o que é o amor???


O amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa é besta.

Gregório de Matos

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O circo



In memorian de Balzac, quiçá de Shakespeare
No palco circense
Da humana comédia
Há também uma tragédia.
A tragédia do querer
Contracenando ao par
D’uma comédia do poder.
Tem, tem, tem
No espetáculo sob a lona –
Ou sob o crepúsculo –
O riso da ironia.
Nos lábios do palhaço
Travestido de agonia.
Depois também
Parcas esperanças
Em ciganas mudanças,
E em meio a tudo,
Um travor de amargura
E desilusão tão sólida,
Numa trágica palhaçada
Do oriente ao ocidente.
 Fonte: livro Folhas de Março, 2006


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Retrato


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles