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domingo, 1 de outubro de 2017

Sapato florido!

Se esta rua, se esta rua fosse minha,
eu mandava, eu mandava ladrilhar...

Não, não tenho brilhantes, só uma coleção de pedrinhas
que ladrilham os meus rins,
e, às vezes, me inventam uma dor na alma.
Também não tenho um amor,
e sequer a rua estreita onde moro é minha.
Mas eu bem sei e sinto que numa rua de rimas
e ladrilhos de brilhantes,
ali caminha o sapato florido do menino,
o aprendiz de sonhador, ele, nascido de um parto poético.

Ah, se esta rua, se esta rua fosse minha...

Ismael Machado
(Do livro Sonho e Pó, Chiado Editora, 2016)

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