Sol
A manhã estava pra lá de bonita
e eu contentíssimo
porque o fígado me deixara dormir sossegado,
sem gemer.
Abri a janela do quarto
e o sol mais quente e mais barato
do mundo
me assanhou os instintos.
Senti vontade de me estirar na areia da praia,
de correr na areia da praia para que o sol me
esticasse os músculos.
Mas meu pensamento perdeu o equilíbrio
e eu me lembrei
que milhares e milhares de irmãos
trancafiados no xadrez
não podiam como eu, àquela hora,
gozar a delícia e a quentura
do sol mais barato do mundo
E o meu fígado começou a doer
e eu comecei a gemer.
Lobivar Barros de Matos
(Corumbá, 12 de janeiro
de 1915 - Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1947).
Como pode ser desconhecido um poeta deste quilate, com versos tão belos e humanos. Estou cativa.
ResponderExcluirJailda, realmente o Lobivar Matos era ele próprio um Sol, de uma poesia riquíssima. Obrigado pelo comentário, abraço, Ismael Machado.
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