domingo, 18 de agosto de 2013

Canções de ninar ou de embalar a vida


Boi, boi, boi,
Boi da cara preta...

Dorme Caymmi, dorme agora Dorival, que o seu canto
Ainda será o nosso acalanto.

Pega essa criança que tem medo de careta...

Foi assim, a vaca preta da morte levou o nosso cancionista,
Mas ele foi sereno, assim como viveu.
Conservou a pureza de menino, nos embates, até o fim.

Alecrim, alecrim dourado...

Quão dourados os sonhos desse baiano extraordinário,
Muito além da erva que nasce e fenece no campo.

O que é que a baiana tem?...

As virtudes do seu compositor de olhos azuis celestiais.
Tem o gosto brasileiro, folclórico, simplório.

Nana nenê...

Na voz da filha Nana... pois não há outro modo agora.
Dorme o justo sono daqueles justos que transpuseram os umbrais eternos.
Ali, não há fronteiras, nem cuca irá pegar mais.
Papai e mamãe lá estão a lhe esperar nos sublimes cafezais.

Eu vou pra Maracangalha eu vou...

Do jeito mais natural, com simplicidade ele se foi,
Da mesma forma como criou os seus versos espontâneos, melodiosos,
Deixando uma saudade não contida em palavras.

William Whitman em "Sonho e pó", 2013.

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