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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

O amor ainda em estado sólido - Parte II

(Letícia e Antônio: padrinhos)

Aos meus amados, muito além de suas bodas de ouro:
1)       Pais: Maria Julia e Arnaldo;
2)       Padrinhos: Letícia e Antônio
3)       Tios: Nilza e Rui, Nadir e Jacinto
4)       Amigos e vizinhos: Dolores e Zezinho, Martina e Odilon
5)      Parentes pelo coração: Inêz e Antonio


6)      Também dignos de admiração: Rosita e Oswaldo

Parte II

Hoje, ainda se quer flores e estrelas, se tem certeza de ternuras,
 para enfeitar as noites da bem-amada, se quer alegrias
porque a fome de beleza não se acaba nunca.

Celebram-se juntos cinquenta anos de himeneu interno, lado a lado,
constante aprendizado da convivência, aprendizagem da paciência.

O amor compreende os males e os abarca nessa travessia,
numa viagem que segue depois dos profundos mares.
O amor é enigma aos mais doutos magos
e ele condensa as esperanças e o invisível.

Viver é verbo factível para ser conjugado do melhor modo
e no melhor tempo verbal possível.
Os segundos se sucedem céleres, tudo passa!
Nessa corda bamba da existência,
duas vidas foram trançadas numa só,
e o fio tênue do compromisso é a vareta do equilíbrio,
o sustentáculo dessas bodas
com o peso caro de cada grama do ouro.

Vero amor a perdurar, incondicional, atemporal,
a ultrapassar gerações e ainda autoproclamar-se inteiro,
autêntico, no presente eterno do peito,
que o poeta, em sua mente, intenta irromper
para, quem sabe de alguma maneira, compreender.

Amor, sim, sólido, que os segundos incontáveis,
bestas feras do tempo, vermezinhos do ventre,
a ele, não conseguem devorar.

Ofereço-lhe rosas
sem ao menos lembrar a brevidade com que irão murchar,
mas eu bem sei e sinto o quanto elas são
meras desculpas vermelhas desse sangue-semente
que nos genes trespassa o útero
e segue caudaloso para outras dimensões, numa espiral do sem-fim,
do não-sei, para aportar depois, bem depois de tantas faces, no eu-sou.

Um ponto principia o traço geométrico,
e esse traço irá contemplar as rosas em cores várias,
e sobretudo os sentimentos em suas matizes.
Quando digo amo, não-sei o que digo, apenas, a tantas penas, sinto.
Algo beira o indizível e também não-sei porque o digo
diante dessa aparente contradição dos dias,
pois eles querem me dizer palavras opositoras,
provar em nove bocados, ao paladar, as duas vogais
e as duas consoantes que em minha língua mater,
nossa língua, imaginam versar sobre o que é bom,
que faz chorar, suar de prazeres, em trabalhos infindáveis,
que faz despertar, faz cuidar ano-após-ano
e ainda milagrosamente, do meio desse seio,
dizer eu-te-amo.

Humm!
Ouço as palavras dela e dele, numa língua, num lugar de encontro.
¾ How long will I love you pretty woman?
¾ How long will I love you gentle man?

Ismael Machado

domingo, 23 de dezembro de 2018

O amor ainda em estado sólido - Parte I

(Maria Julia e Arnaldo: pais)

Aos meus amados, muito além de suas bodas de ouro:
1)       Pais: Maria Julia e Arnaldo;
2)       Padrinhos: Letícia e Antônio
3)       Tios: Nilza e Rui, Nadir e Jacinto
4)       Amigos e vizinhos: Dolores e Zezinho, Martina e Odilon
5)      Parentes pelo coração: Inêz e Antonio
6)      Também dignos de admiração: Rosita e Oswaldo

Parte 1

Aos vinte e poucos anos as juras de eternidade,
um pelo outro, aos giros da lua de prata,
encantados e aos olores dos corpos
encharcados dos melhores perfumes que embriagam os leitos.

Fizeram-se duradouros travesseiros
daqueles braços de homem, braços de mulher,
os quais embalaram compromissos duma vida, inteiros,
celebrados em vivas letras, além dos meros contratos,
das simples certidões cartorárias daquelas uniões.

Cinquenta anos de casados não darão conta de conhecer
o ente ao lado dormente.
Nesse icto, corrente, passante, coisa quanta acontece,
a lua com suas fases reinantes sobre as cabeças
e os corpos daqueles nubentes,
nos seus sentimentos, de todo ainda crentes.

Day by day e o suceder das primaveras, verões,
outonos e invernos, estação após estação,
sob o mesmo teto de humores variáveis e, de afetos,
colocados na ampulheta do tempo,
provados no cadinho das horas, das circunstâncias.

Sobejam alegrias, frustrações, dificuldades, tristezas, nascimentos,
mortes, encontros, amizades, despedidas,
num sem fim de acontecimentos sob o sol, ano após ano,
bebendo o vinho da videira que não dessedenta a sede de viver.

Cinquenta anos e os bem-casados doces
ainda apetecem ao paladar, ao lado do convite para as bodas,
amarelado pela memória, guardado no baú
ou no repositório das lembranças mais ternas,
dos sonhos acalentados e que heroicamente
subsistiram resilientes, persistentes, insistentes, resistentes.

O amor é o lugar onde o respeito, o companheirismo,
a amizade vão além da mera beleza física, essa névoa-nada,
além do ter, além da libido, o amor não tem tempo.
Quando jovens jazia o afeto mais puro e ainda agora
demonstra-se o jeito cuidadoso, amoroso, no trato, nessa alteridade,
inda que em face à avançada idade.

Será esse amor um milagre? Por certo a morte virá,
cedo virá, e as araras dirão de suas vidas azuis, vermelhas, amarelas,
juntas e inteiras, em algazarras cinquentenárias,
dirão dos amores vividos, dos filhotes crescidos,
dirão dessa nossa humana natureza,
nossa desconhecida, elas dirão do que em nós faz
se torne um rebento do que é sagrado.

Mera quimera e sonho e pó, vai-se o tempo,
vai o tempo da alma ligada ao corpo por um fio,
só o amor permanece, livre das quantas amarras do egoísmo,
e não se conspurca na língua dos homens impuros,
o amor é mesmo mistério
que as ciências não dão conta de desvendar,
nem Freud conseguiria em suas pesquisas psicanalíticas.

Bondade, fidelidade, lealdade, nessa rima benigna,
para-além do verso, o amor suporta a passagem lenta do tempo,
esse fruto maduro na velha mangueira do quintal lá de casa,
que ao paladar apetece e que se não esquece jamais,
nem mesmo tantos anos após a partida do bem-amado.

Retratos foram craquelados no tempo inacabado
dessas vidas grávidas pelo sêmen da eternidade,
crescidas, construídas pela perenidade.
Que sentimento é este que sequer a maldade do tempo
conseguiu apagar, apartar?

Ismael Machado
(Continuará na Parte II)

domingo, 9 de dezembro de 2018

sábado, 13 de outubro de 2018

O Brasil que eu também quero


O Brasil que eu quero é um país de livros e de leitores,
com mais conhecimento, entendimento,
com a valorização da educação e da cultura.

Ismael Machado 

domingo, 7 de outubro de 2018

Seria romaria? Será somente poesia?


                                    

Parece procissão, romaria, mas hoje nem é dia de Maria,
É um povo que caminha para as urnas,
Cavoucando esperanças, tendo visões de homens honestos,
Porém, talvez haja apenas algum candidato a essa virtude.
Nessa procissão as cantorias são promessas políticas,
Muitas falsas, não serão cumpridas,
Apenas prometidas,
Sem o compromisso de subir de joelhos as escadarias,
As sagradas rampas dos Governamentais Palácios.

Eles pensam: o povo pode esperar, dele se pode roubar.
Qualquer vela, qualquer coisa vai lhe agradar.
No campo santo, sonhos foram sepultados,
Uma vida inteira de promessas não pagas.
A justiça não vê quanta coisa errada, ela é mesmo cega.
Será meu Deus irá perdoar esse pandemônio?
Só o tempo dirá, depois dos túmulos fechados.
Pois, as hienas já receberam suas bênçãos.

O poeta grita nesse azul sem dimensão.
Pois não há mesmo dimensão para os erros cometidos
Nessa pátria, cujos filhos despatriados,
Morrem aos montes, nessa guerra fria, estúpida,
Ora calada em panelas geladas, sem lenha, sem arroz,
Sem feijão, com razão, em corpos desnutridos,
 Esquálidos, caminhando lentamente para a morte.

Ah! Esse céu azul, torna azuis os puros olhos dos excluídos
De toda sorte, da dignidade da vida.
Desse país, as muitas águas cristalinas semelham as lágrimas
Dos milhões de miseráveis
Há dor maior que o ser. Será esse o destino?
Não há médico nem empresário, deputado ou proletário para consolar.
Pena, esse solo não reflete as estrelas do firmamento.

Ismael Machado
(Do livro Folhas Brasileiras, 2010)

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Relembrando a manhã festiva, de autógrafos, no dia 04.02.2018, há mais de seis meses

Em mim, o tempo prepara outra pessoa.
As marcas do silêncio me seguirão até ao fim,
quando desvelarei o escuro véu
e abrirei as asas desfolhadas e, talvez,
ainda ingênuas, da paixão.

Ismael Machado
(Do livro Quatro Estações, 2018, Alfa Editora, 
página 106, grafismo 370)

terça-feira, 19 de junho de 2018

Do Brasil, a voz, ou uma triste romaria? (bem além dos campos...)


A voz do Brasil lamenta a corrupção que brota da terra,
no seio das famílias, feito erva daninha.

A voz do Brasil chora seus filhos mortos em chacinas,
sem que ninguém tenha sido punido.

A voz do Brasil lamenta a política e a economia, ainda vigentes,
na vez dos pretensos revolucionários,
repetidores dos mesmos erros e defeitos de seus antecessores.


Eles pensam: o povo não é santo, pode esperar,
qualquer vela, qualquer coisa vai lhe agradar.
Enquanto no campo santo, sonhos foram sepultados,
uma vida inteira de promessas não pagas.

A justiça não vê quanta coisa errada, ela é mesmo cega.
Será meu Deus irá perdoar esse pandemônio?
Só o tempo dirá, depois dos túmulos fechados.
As hienas já receberam suas bênçãos.

Ao coração não há rogos, há fome, dor,
nos becos, favelas, não querem só piedade,
querem comida, bebida, partida para algum lugar,
que não seja esse país de podres poderes.
Até querem vê-lo transformado,
em meio ao transtorno continuado.

País do futebol, onde o jogo da vida é duro.

Do carnaval, onde se dança, rebola para sobreviver.

Essa voz se levanta, e, às vezes, não é ouvida por seu povo...

Em Brasília, dez é mesmo nove horas, pois de erros descansa (boa noite!),
numa pretensa paz!? Quisera em esplêndido berço...

Ismael Machado
(Do livro Folhas Brasileiras, páginas. 22 e 51, edição esgotada)

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Celebrando os mais de 150.000 acessos na página deste Blogue do Lado Avesso


Muito obrigado, de coração, a você leitor(a) que acompanha este 
Blogue do Lado Avesso. Um agradecimento especial, neste ponto, 
comemorativo aos mais de 150.000 (cento e cinquenta mil) acessos 
na página do Blogue, digo isso com muita alegria!

Quando iniciei o Blogue, algo tímido, eu não pensava ir tão longe, 
mas como bem disse o poeta “longe é um lugar que não existe” (Richard Bach).

Este Blogue representa o avesso das coisas que vão pelas ruas deste mundo, 
de quantos valores invertidos. Como poeta eu gostaria tanto de desvirar todas essas coisas, colocá-las do lado melhor possível para cada um, para todos nós, um lado 
mais inclusivo, menos competitivo, com certeza mais poético, belo e humano. 

Oxalá, eu consiga através do Blogue, ao menos um pouco, recriar essa realidade dura, mercantilista, que possa dar asas aos sonhos, materializá-los em versos, 
com a ajuda de todas as artes e 
com palavras proclamar um tempo esperançado do porvir...

Ismael Machado
Poeta e editor