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domingo, 13 de março de 2016

Nas entrelinhas da injustiça -Parte III

 Vendedores informais, trabalhadores são os heróis
do dia-a-dia, insistentes, intentam a sobrevivência,
nas ruas vendem o suor de seus corpos sacrificados,
porém, dalgum modo justo, sem os colarinhos brancos
e palaciais, embora a pele corada pelo sol da justiça.


O sagrado oceano Atlântico-Sul engolirá as maldades,
manifestando ondas de virtudes a se sobreporem.
Beija-flores com os seus longos bicos
tocam os pólens das flores e espargem o bem
e as suas benesses.

Venha, aos brados, uma revolução de ternura,
sem os muros da vildade, mas com todas as pontes
que reúnem a beleza e a bondade.

Porém, não sei em que esse poema vai dar,
por isso prossigo, avanço, ao mar, aos riscos,
aos abismos de viver ou morrer.

Põe-se o sol, lentamente,
lá na linha tênue do nosso horizonte...
Ismael Machado

sábado, 12 de março de 2016

Nas entrelinhas da injustiça - Parte II

Louvado seja Castro Alves, sua obra,
suas idéias libertárias, pois quem sabe um dia
principiem a viger, venham a estar em voga
neste pequeno orbe, com sua essência,
seus valores eternos.

Salve Jorge Amado e sua Tereza Batista,
Tieta do Agreste e Dona Flor, seus maridos.
Salve os escritos socialistas em prol do bem-comum.

Zumbi, Zumbi, Palmares inda é aqui.
Palmares ainda existe e resiste em face às
circunstâncias adversas, em contrário à liberdade
que entranhadamente buscava com espírito guerreiro.


Que os lírios floresçam nesses vales.
Da barra de viver, o farol nos aponte caminhos de sol e de mar, pois sigo a pino de vontade de vencer.

Na praia de Piatã as pipas retangulares e multicoloridas
sobem inocentes ao azul-celeste,
essas pipas são os ideais mais puros.

Em Brasília ou em São Paulo, altos-executivos
são presos após a operação denominada Lava-jato,
fruto duma vergonha nacional, global,
graças a Deus, em grades trancafiadas...

Ismael Machado

sexta-feira, 11 de março de 2016

Nas entrelinhas da injustiça - Parte I

Ao extraordinário poeta Gregório de Matos

De tão perto deste porto, seguro de si, Álvares Cabral, flutuante sobre as cores verde e azul dos mares imensos, proclamou o sol da Terra de Cabrália,
numa Bahia santificada de Natureza.

Em caminho, o poeta lia a carta escrita por Pero Vaz, sobre leite e mel e mil farturas na Canaã de letras portuguesas, desde Luís de Camões.

Somente notas, linhas poéticas do chão, do futuro
de um povo pobre desde antão, quinhentos anos depois,
ainda por desbravar a intensidade do anil
que o tinge em seu céu,
que tinge a tez dessa gente amada.

À vista, além de terras e riquezas mil,
a malfadada política, traçando rumos
ou desencaminhando o porvir,
roubando dele as canções, os hinos.

Salve São Salvador, com os seus Jardins de Alah
e honestos jardineiros, fiéis praticantes
das nobres virtudes, mesmo onde a corrupção brilha
sob o sol de muitos dias e aos olhos
de corrompidos e de corruptores.

Ao som de valsas vienenses D. Leopoldina baila
nos braços dum certo Cerveró,
ele dum só olho caído pelo dinheiro maldito,
ela inocente das falcatruas, dos escusos dólares dele,
postos em Bancos Suiços.

Nessa dança há constantes tropeços em oscilações
político-econômicas, com graves consequências sociais.

Valei-nos, bom São Francisco e toda a bela natureza.
Valei-nos, ajudai-nos Nosso Senhor do Bonfim,
enquanto vivemos na eperança de melhores dias,
do sagrado ouro o qual coroará as frontes sofridas
do povo e, oxalá, de seus governantes vindouros
com o fogo das intensas transmutações...

Ismael Machado