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domingo, 30 de junho de 2013

Chama quente


....A tua linda voz de água corrente
Ensinou-me a cantar... e essa canção
Foi ritmo nos meus versos de paixão
Foi graça no meu peito de descrente.

Bordão a amparar minha cegueira,
Da noite negra o mágico farol,
Cravos rubros a arder numa fogueira!

E  eu, que era neste mundo uma vencida,
Ergo a cabeça ao alto, encaro o sol!
- Águia real, apontas-me a subida!

Florbela Espanca

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Coisas singelas!


Existem coisas singelas e de efeitos fecundos.
Uma delas é contemplar as estrelas na solidão da montanha.

Francisco García

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Moção de Congratulações

Muitíssimo obrigado aos vereadores Professora Rose e Eduardo Romero pelo envio da Moção de Congratulações exarada e lida em Sessão Ordinária na Câmara Municipal de Campo Grande (MS), relativa ao lançamento do livro "Sonho e pó".

Agradeço ainda pela citação de meu segundo pseudônimo: 
William Whitman.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Grafismo nr. 279 do livro "Sonho e pó"


Quando os quatro elementos presentes em mim
resolverem se separar,
ao meu corpo febril não restará outra opção
senão o desintegrar-se, dissolver o pó, libertar o sonho.

William Whitman

(Imagem: tabitarocha.blogspot.com)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Desiderata


Você é filho do universo,
irmão das estrelas e árvores, 
você merece estar aqui e,
mesmo que você não possa perceber,
a Terra e o Universo vão cumprindo o seu destino.

(Antigo texto: autor desconhecido)

domingo, 23 de junho de 2013

Fantasia

Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer...

Chico Buarque

(Imagem: saoasvozesquemmandam.blogspot.com)

sábado, 22 de junho de 2013

Comemorando mais de 10.000 acessos no Blogue do Lado Avesso. Obrigado a você leitor(a)!

Essa coisa de pele, de corpo

Para Michelangel, o Inca

Um toque... foi a-penas de anjo
Num dia sem asas
Também não quebrado, inteiro,
Como os dias são medidos.
Foi, assim, um leve toque
Humano, diverso a guardar-se em si,
Com e sem medo, gigante e frustrante.
Apenas um ser, feliz e infeliz,
Com seus modos a lhe bastarem,
A lhe serem.


William Whitman

(Imagem: www.grandesmensagens.com.br)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Cavador do infinito

Com a lâmpada do Sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis, 
Da alma o profundo e soluçado grito.

Ânsias, Desejos, tudo a fogo escrito 
Sente, em redor, nos astros inefáveis. 
Cava nas fundas eras insondáveis 
O cavador do trágico Infinito.

E quanto mais pelo Infinito cava 
mais o Infinito se transforma em lava 
E o cavador se perde nas distâncias...

Alto levanta a lâmpada do Sonho. 
E como seu vulto pálido e tristonho 
Cava os abismos das eternas ânsias!

Cruz e Sousa

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Borboleta

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Pois essa alma é tão sedenta
Que um só amor não contenta
E louca quer variar?
Se já tens amores belos,
P'ra que vais dar teus desvelos
Aos goivos da beira-mar?

Não sabes que a flor traída
Na débil haste pendida
Em breve murcha será?
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?!

Tu vês a flor da campina,
E bela e terna e divina,
Tu dás-lhe o que essa alma tem;
Depois, passado o delírio,
Esqueces o pobre lírio
Em troca duma cecém!

Mas tu não sabes, louquinha,
Que a flor que pobre definha
Merece mais compaixão?
Que a desgraçada precisa,
Como do sopro da brisa,
Os ais do teu coração?

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Se a borboleta dourada
Esquece a rosa encarnada
Em troca duma outra flor;
Ela - a triste, molemente
Pendida sobre a corrente,
Falece à míngua d'amor.

Tu também minha inconstante
Tens tido mais dum amante
E nunca amaste a um só!
Eles morrem de saudade,
Mas tu na variedade
Vais vivendo e não tens dó!

Ai! és muito caprichosa!
Sem pena deixas a rosa
E vais beijar outras flores;
Esqueces os que te amam...
Por isso todos te chamam:
- Borboleta dos amores!

Rio - 1858 - Casimiro de Abreu
 (imagem: liliandapaz.blogspot.com.br)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

domingo, 16 de junho de 2013

Bordado de nuvens e de asas

Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui, um rio que vai fluindo...

Em vão, em minhas margens cantarão as horas,

Me recamarei de estrelas como um manto real,
Me bordarei de nuvens e de asas,
Às vezes virão a mim as crianças banhar-se...
Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
As imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...
Toda a tristeza dos rios
É não poder parar!

Mario Quintana


sábado, 15 de junho de 2013

Sobre a liberdade de expressão


Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las.

Voltaire

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Nossos túmulos!!!


Que grande necrópole é o coração humano!
Para que irmos aos cemitérios?
Basta abrirmos as nossas recordações, quantos túmulos.

Gustave Flaubert

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Casa no campo

Elis Regina

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras
Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal

Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais

Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos, meus livros e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais

Composição: Zé Rodrix e Tavito

terça-feira, 11 de junho de 2013

Atreva-se


Lute com determinação, abrace a vida com paixão,
perca com classe e vença com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante.

Charles Chaplin

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Canção do Tamoio

Não chores, meu filho; 
Não chores, que a vida 
É luta renhida:
Viver é lutar. 
A vida é combate, 
Que os fracos abate, 
Que os fortes, os bravos 
Só pode exaltar.

 Antonio Gonçalves Dias

sábado, 8 de junho de 2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Cativar


Uma palavra perdida

Já quase esquecida
me vem relembrar.
Contendo sete letrinhas
e todas juntinhas se lê cativar.

Cativar é amar
é também carregar
Um pouquinho da dor
Que alguém tem de levar.

Cativou disse alguém
Laços fortes criou

Responsável é você
Pelo que cativou



No deserto tão só
E entre homens também
Vou tentar cativar
Viver perto de alguém



Cativou disse alguém
Laços fortes criou
Responsável é você
Pelo que cativou.

Turma do Printy

terça-feira, 4 de junho de 2013

Um índio


Um índio descerá de uma estrela
Colorida e brilhante
De uma estrela que virá
Numa velocidade estonteante
E pousará no coração
Do hemisfério sul
Na América, num claro instante
Depois de exterminada
A última nação indígena
E os espíritos dos pássaros
Das fontes de água límpidas
Mais avançado que as mais avançadas
Das mais avançadas das tecnologias

Virá
Impávido, que nem Mohammad Ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi
Tranquilo e infalível como Bruce Lee
Virá que eu vi
O axé do afoxé filhos de Gandhi
Virá

Um índio preservado
Em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás
E todo líquido...


Barão Vermelho
 (imagem: Teatro Imaginário Maracangalha)


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Mutantes



Todos os demais mutantes podem faltar,
somente a minha mutação não faltará,
até o apagar de mim.

  Fernando Bandeira
(Do livro Folhas Brasileiras, 2010)

domingo, 2 de junho de 2013

Sentimentos sem disfarces, emoções em tela.


Disse o Quintana tratar-se o fumar
duma forma disfarçada de suspirar.
Quem não fume conheço e no entanto suspire
Tão fundo e de fazer muito fumante apetecer.
Com pose, papel e script, soltando no ar
Um lamento bem forte.

Ânsia ou angústia incontida,
Sem nenhuma outra saída,
Senão expirar, em longo suspiro,
Ambições, anelos, desgostos d’alma.
Esse interior também palpitante,
Não carecendo o exalar fumegante.

Fernando Bandeira