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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Semana da Consciência Negra

  Alforria do Coração

 Ao negro fundador da Academia Brasileira de Letras,
Machado de Assis

Da cana-de-açúcar, ele refinado, nas mesas européias,
Branquinho, fez-se a causa primeira
da escura escravidão brasileira.

Tomé de Souza, D. Manuel III, (humanos?),
Autorizaram a vinda dos primeiros “negros da Guiné”,
Era o ano de 1532, vergonha iniciada,
página somente, parcialmente virada, após três séculos.
Será???......

Bravos negros, construíram, com trabalho escravo e raça,
O que os brancos escravocratas não conseguiriam em solo pátrio.

Não se pode falar, não se sentir, tamanha a dor nos porões
Dos negreiros navios, as chibatas serão pomadas a penetrar
Em suas peles coradas de saudades, angústias.
O banzo, as fugas, a sabotagem, o envenenamento dos senhores,
Os quilombos, constituíram os heróis da resistência,
Pois os guerreiros se multiplicaram, sobreviveram
aos horrores da escravatura.

Depois os quilombos serão numerosas cidades nossas.
O berimbau, o bongô e o atabaque forjam os ritmos afro-brasileiros:
Maracatu, frevo, timbalada e o nosso samba, sem igual.
Enquanto o vatapá, o caruru, o acarajé e a feijoada, iguarias nacionais,
Devem-se ao sabor da negritude.
Já a capoeira, misto de dança e luta, outrora punida com chibata,
Agora é exportada para a Europa. Os tempos mudam, as pessoas
às vezes morrem antes.

Lei Áurea, liberdade relegada à própria sorte. Mais de século depois
E a injustiça perdura, o desrespeito racial grita e não o ouvem
Os brancos e burgueses ouvidos do poder, os habitantes da
Casagrande, distantes das Senzalas que a Lei não aboliu.

Quisera alforriar alguns dos chamados “brancos”, a burguesia,
Da dureza de seus corações empedernidos.

Fernando Bandeira
Do livro: Folhas Brasileiras, 2010

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